19/04/2018

Discutir o aprimoramento da Atenção Básica com foco na sustentabilidade do SUS – esse foi o tema do Seminário internacional “Atenção Primária à Saúde: Estratégia chave para a sustentabilidade do SUS”, promovido pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) de 17 a 19 de abril em Brasília. O seminário contou com apoio do Ministério da Saúde, CONASEMS, CONASS e Banco Mundial.

Ao longo do evento mesas de debate abordaram temas como formação profissional, financiamento, organização e integração das redes de atenção à saúde, onde foram analisados e discutidos resultados de experiencias nacionais e internacionais que indicam que a AB representa uma estratégia indispensável para sistemas universais. O professor da Escola de Saúde Pública da Andaluzia, Sergio Minué, destacou a necessidade de adequação do currículo do profissional médico para atuar na atenção básica. ”Na Espanha temos médicos de família que vem do investimento na formação. Muitos países da União Européia tem como base da educação médica a atenção primária em saúde. São médicos muito qualificados, que no caso da Finlândia, por exemplo, chegam a estudar o tema cerca de seis anos”.

A Secretária de Saúde de Santa Teresa (ES), que participa do Grupo de Trabalho da Atenção Básica do CONASEMS, Andreia Passamani, participou como mediadora da mesa “APS forte: Desafios da gestão e formação dos recursos humanos”. O pesquisador da Universidade de Quebec (Canadá), Jacques Girard, defendeu a inovação como chave para enfrentar desafios da atualidade como o envelhecimento da população, imigração e saúde de minorias. Andreia afirmou que ao conhecer as agendas de países como a Espanha e Canadá é possível identificar como o Sistema Único de Saúde do Brasil é fragilizado. “O SUS está sendo construído há 30 anos, é um grande desafio para nós, secretários municipais de saúde. Precisamos valorizar e aprimorar as agendas. Temos projetos estruturantes paralisados, isso impacta diretamente na evolução do Sistema”.

O professor Sérgio Minué ainda ressaltou a estratificação e terceirização da AB, situação que não acontece na Espanha, por exemplo. Já o pesquisador e consultor do Conass, Eugênio Vilaça, defendeu a estratificação de risco como medida de eficiência, e que a demora na implementação das normativas do SUS afetam o Sistema como um todo. “Temos uma legislação bastante avançada nas redes de atenção à saúde. É uma normativa muito nova que precisa avançar, a implementação está muito lenta”, afirmou.

Eugênio ainda afirmou que a história do SUS é fortemente influenciada pela municipalização, apesar das dificuldades de descentralização. “O foco para organizar a rede tem que ser através da regionalização e para isso é necessário rever esse modelo e dar mais atenção ao fortalecimento das macro e microrregiões”, defendeu Vilaça.

Foi apresentada a experiência de organização da AB do Município de Santo Antônio do Monte-MG. Para a secretária de saúde do município, Carla Lorena Santos, a implantação da prontuário eletrônico foi um dos marcos para a melhoria do cuidado na AB. “Todas as unidades estão conectadas e conseguimos melhorar o atendimento em todas as instâncias da assistência. A organização da AB gerou diminuição do número de internação e óbitos”, concluiu.

30 anos do SUS

O Seminário compõe a série de atividades que marcam, neste ano, o trigésimo aniversário do SUS. O evento contou também com a participação de profissionais das seguintes instituições: Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABRES); Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO); Conselho Nacional de Saúde (CNS); Escola de Saúde Pública de Harvard; Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ); Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA); Observatório de Análise Política em Saúde do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia; Rede Unida; e Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.

 

REPLICADO de: http://www.conasems.org.br/seminario-discute-ab-como-estrategia-de-sustentabilidade-do-sus/